NOME Leonor de Mascarenhas
OUTRO(S)NOME(S) Lianor de Mascarenhas
Elementos biográficos
PAI Fernão Martins da Cruz Almada
MÃE D. Isabel Pinheira
LOCAL DE NASCIMENTO Almada
DATA DE NASCIMENTO 24 de Outubro de 1503
LOCAL DA MORTE Madrid, Espanha
PAÍS ONDE NASCEU Portugal
PAÍSE (S) ONDE VIVEU Portugal, Espanha, Alemanha
INSTITUIÇÕES QUE FREQUENTOU Corte de D. Manuel I; Corte de Carlos V
PROFISSÃO / CARGO / FUNÇÃO Dama da Rainha D. Maria mulher de D. Manuel I; Dama de D. Isabel de Portugal quando casou com Carlos V em 1526
DATA DE MORTE 1584
ESTADO Solteira, Recolhida
DATA DE RECOLHIMENTO 1563
CONVENTO Santa Maria de Los Angeles, Madrid
ORDEM RELIGIOSA Franciscanas
Obra
OBRAS MANUSCRITAS
Diálogo às damas estando ahi Dona Lianor Mascarenhas
De Bernaldim Ribeiro
Ua cousa cuidava eu
Causa de outras muitas cousas;
Rezão tinha de o cuidar
Dão-me sem rezão cuidado,
E inda hei-de pedir a outrem
Das suas culpas perdão.
Respondeu ella
Ua cousa vos digo eu:
Que não sou pera essas cousas:
Rezão fora não cuidar
Em tam sem rezão cuidado,
Pois hei-de sofrer a outrem
Culpas que não tem perdão?
Tornou Bernaldim Ribeiro
A mim me hei de tornar eu
Pera vingar muitas cousas,
Que não são pera cuidar,
Forão pera dar cuidado.
Seja minha a culpa de outrem
Que assi val mais que o perdão. (Michaëlis de Vasconcellos, 1885: 39-41)
Outro diálogo
De Francisco de Sá também a ela
Vi sinais: o mal é grande,
Vios no céo, vi na terra,
Houve se de achar caminho
Pera se tudo perder.
Desejos demasiados
Não são desejos de vida.
Tornou ela a responder
Outro mal ha muito grande
Neste mundo e nesta terra
Em que não vejo caminho
Pera me nelle perder.
Desejos meus e cuidados
Não são postos nesta vida.
Inda a importunaram mais
Chorarei, e o meu mal grande
Em gritos direi à terra:
Da alma hei dó, que é caminho
Posta pera se perder.
Quem acabasse os cuidados
Quando se acabasse a vida?
(Carolina Michaëlis de Vasconcellos, 1885: 744-745)
OBRAS IMPRESSAS
Oh vida desesperada
Y pues ya vedes cativo
Que muero por vos querer
Y mi mal qu’es tan esquivo,
Piedade de como bivo
Haved ora, qu’es d’haver.
No seas desconocida,
Pues ena l no soes tachada,
Que no tiene merecida
Lhamarse por vos mi vida
Oh vida desesperada.
Resende, Garcia de, Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, Lisboa, por Hernan de Campos, 1516, fl.
Bibliografia:
ANJOS, Frei Luís dos, Jardim de Portugal em que se da noticia de alguas Sanctas, & outras molheres illustres em virtude…, Coimbra, Nicolau Carvalho, 1626
FRANCO, Marcia Arruda, “Leonor de Mascarenhas: a marquesa de Pescara portuguesa” in.: Flora Süssekind, Tânia Dias, Carlito Azevedo (orgs.) Rio de Janeiro. 7Letras-Fundação Casa Rui Barbosa, 2003, pp. 29-42.
GONÇALEZ DÁVILA, Gil, Teatro de las grandezas de la Villa de Madrid Corte de los reyes Catolicos de España al muy poderoso Señor Rey Don Filipe IIII, Madrid, Thomas Junti, 1623
MARCH, José Maria, “Un grave riesgo corrido por Felipe II siendo su aya Doña Leonor de Mascarenhas” Correo Erudito, III, Madrid, 1942
MARCH, José Maria, El aya del rey D. Felipe II y del príncipe D. Carlos, Doña Leonor de Mascarenhas, Madrid, 1942
MARQUES, Armando de Jesus, ”Dona Leonor de Mascarenhas, a aia portuguesa de Felipe II”, Actas do V Colóquio de Estudos Luso-Brasileiros, volume 2, Coimbra, s.n., 1964, pp. 5-27.
MICHAËLIS DE VASCONCELOS, Carolina, Poesias de Francisco de Sá de Miranda, Halle, Max Niemeyer, 1885, 39-41 e 744-745, 875-876.
MICHAËLIS DE VASCONCELOS, Carolina, A Infanta D. Maria de Portugal (1521-1577) e as suas damas, Porto, Typ. a vapor de Arthur José de Souza e Irmão, 1902,
MICHAËLIS DE VASCONCELOS, Carolina, Novos Estudos sobre Sá de Miranda, Lisboa, Imprensa Nacional, 1911.
NEVES, José Cassiano, “Damas portuguesas nas Cortes de Castela e de Sabóia no século xvi : (duas irmãs, D. Leonor e D. Beatriz Mascarenhas)”Revista Ocidente, LVII, 1959, pp.
PINHO, Sebastião Tavares de “Leonor de Mascarenhas” Biblos, Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, Lisboa-São Paulo, Editorial Verbo, 1999, volume 3, p. 531
RESENDE, Garcia de, Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, Lisboa, por Hernan de Campos, 1516, fl.
RIBEIRO, Patrocínio, “A Bem-amada de Bernardim Ribeiro e as personagens secundarias da “Menina e Moça”” Memoria apresentada em 30 de Julho de 1912”, Trabalhos da Academia das Sciencias de Portugal, Lisboa, Academia das Sciencias de Portugal, 1912, pp. 1-39.
RIBEIRO, Patrocínio, “A verdadeira “Célia” de Sá de Miranda : Memoria Apresentada em Sessão de 13 de Fevereiro e 1912” Trabalhos da Academia das Sciencias de Portugal, Lisboa, Academia das Sciencias de Portugal, 1915, pp.
RODRIGUES, Francisco, História da Companhia de Jesus na Assistência de Portugal, Porto, Liv. Apostolado da Imprensa, 1931, I, 1,pp. 200-204.
SAMARTIN, Roberto, A Dona do tempo antigo. Mulher e Campo Literário no Renascimento Português (1495-1557) Santiago de Compostela, Edicións Laiovento, 2003.
OBSERVAÇÕES
RIBEIRO,Patrocínio “A Bem-amada de Bernardim Ribeiro e as personagens secundarias da “Menina e Moça”” Memoria apresentada em 30 de Julho de 1912”, Trabalhos da Academia das Sciencias de Portugal, Lisboa, Academia das Sciencias de Portugal, 1912, pp. 2-3: “Estes Dialogos – Segundo um dos manuscritos aproveitados também pela ilustre escritora [Carolina Michaëlis de Vasconcelos] para a sua valiosa obra de erudite coordenação – foram anotados da seguinte forma, parece que pelo proprio Sá de Miranda: “polo dela que é cousa rara pus isto por que se veja que tambem Portugal teve a sua marqueza de Pescara”